
24 de maio de 2016 | 03h00
Muito endividada, a Petrobrás cuida prioritariamente do equilíbrio financeiro e da rentabilidade, enquanto tenta se desfazer de ativos, como os que detinha na Petrobrás Argentina, vendidos por US$ 892 milhões no último dia 13. A colocação de bônus no exterior, ainda que a custo elevado, é parte dessa política. Para a demanda de US$ 20 bilhões, dos quais US$ 15 bilhões com vencimento em 5 anos, a empresa vendeu US$ 5 bilhões pagando juros de 8,625% ao ano e vencimento em 2021 e US$ 1,75 bilhão com juros de 9% ao ano e vencimento em 2026.
O custo alto se deve à perda do grau de investimento pela Petrobrás e pelo Brasil. Os investidores comparam o risco da estatal ao risco Brasil ao subscrever a emissão, cujo [ITALIC]rating[/ITALIC] (nota) atribuído pela agência Moody’s de classificação de risco foi B3, uma graduação abaixo do nível de investimento. A emissão internacional anterior da Petrobrás ocorreu em junho – US$ 2,5 bilhões, com juros de 8,25% e prazo de 100 anos.
A operação mais recente foi favorecida pela recuperação dos preços do petróleo verificada nos últimos meses. A empresa antecipou-se, possivelmente, a um aumento da taxa básica de juros nos Estados Unidos após a reunião do banco central americano (Fed). A consultoria Tendências acredita em duas elevações da taxa norte-americana no segundo semestre. Se isso ocorrer, as futuras emissões poderão se tornar ainda mais custosas.
De um total de mais de US$ 50 bilhões de títulos da estatal em circulação, um terço (US$ 17 bilhões) vencerá no ano que vem. A operação recém-realizada pretende aliviar a gestão financeira do próximo ano.
A captação poderá ser seguida pelo Tesouro Nacional, que já captou US$ 1,5 bilhão no mês passado e estuda fazer novas emissões. O objetivo não é o de aumentar as reservas de US$ 375 bilhões, mas manter um volume de títulos negociados no mercado internacional suficiente para que os papéis tenham liquidez. Desde 2015,o Tesouro resgatou US$ 4,6 bilhões em emissões antigas.
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