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Petrobrás atrasa investimentos

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Por Redação
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A Petrobrás comprometeu-se com um Plano de Negócios de US$ 224,7 bilhões (ou R$ 389 bilhões, a dados de julho), para o período 2011/2015, mas que já está atrasado, como admitiu o diretor financeiro e de Relações com os Investidores, Almir Barbassa. Entre janeiro e setembro, a estatal investiu apenas R$ 50,8 bilhões, 10% menos do que no mesmo período de 2010 e, até o mês que vem, investirá no máximo R$ 76,4 bilhões, valor igual ao de 2010 e inferior em R$ 8 bilhões aos R$ 84,7 bilhões previstos.Não apenas os investimentos ficaram abaixo do previsto. A produção da Petrobrás também foi menor do que se esperava. A média diária, neste ano, foi de apenas 2,013 milhões de barris/dia, menos do que a média dos 2,1 milhões de barris/dia produzidos no ano passado. É possível que, no mês que vem, a produção atinja 2,2 milhões de barris/dia, mas é pouco provável que se mantenha esse nível ao longo de todo o ano de 2012. Faltam equipamentos, por exemplo, para explorar o Campo Carioca, na área do pré-sal da Bacia de Santos, cuja produção foi adiada para 2013. Ainda neste ano deverão ser ligados 20 novos poços ao sistema de produção, mas só em 2012 deverão chegar 15 novas sondas, com capacidade para perfurações em profundidades superiores a 3 mil metros. O objetivo que a Petrobrás tem em vista é que sua produção seja acrescida de 414 mil barris por dia, até o segundo semestre de 2012. A empresa disporá, então, de 38 sondas com capacidade para perfurar em águas profundas. O início da produção de gás no Campo de Tambaú está previsto para o próximo trimestre, e até o terceiro trimestre de 2012 entrarão em produção o piloto de Baleia Azul, no pré-sal, e o Campo de Tiro Sidon, com capacidades, respectivamente, de 100 mil e de 80 mil barris/dia. No último trimestre do ano que vem começarão a operar, se as previsões estiverem corretas, os Campos de Roncador, com capacidade de 180 mil barris/dia, e o piloto de Guará, no pré-sal, com capacidade de 120 mil barris/dia.Em 2011, os resultados foram afetados por interrupções frequentes - nem sempre previstas - da produção, que reduziram a extração em 44 mil barris/dia. No Campo de Marlin, cuja produção já entrou em declínio, mas que continua sendo um dos mais importantes da empresa, houve queda de 79 mil barris/dia, no terceiro trimestre deste ano, devido à paralisação de três plataformas. Houve ainda problemas de escoamento do gás nos Campos de Uruguá e Lula (ex-Tupi).A queda na produção - e, naturalmente, nas vendas - contribuiu para prejudicar a geração de caixa da Petrobrás, já afetada pelo prejuízo na venda de gasolina importada. A importação é crescente devido à quebra na safra de cana-de-açúcar e na produção de álcool, cuja escassez foi suprida pela gasolina para abastecer os motores flexfuel, que nos últimos sete anos passaram a equipar a maior parte dos veículos leves produzidos no Brasil. O reajuste de 10% no preço da gasolina recebido pela Petrobrás a partir de 1.º de novembro não foi uma solução completa, admitiu Barbassa. "O médio e o longo prazos é que vão nos dizer se os reajustes estão sendo ou não suficientes".Os investimentos previstos pela Petrobrás destinam-se não apenas aos campos já descobertos e em exploração, mas à prospecção e exploração das jazidas do pré-sal que entrarão em ritmo pleno de exploração na segunda metade desta década.Na condição de operadora única do pré-sal, a Petrobrás tem a responsabilidade da exploração de reservas de até 50 bilhões de barris, ou três vezes as reservas provadas de cerca de 16 bilhões de barris equivalentes (BOE) de 2010, conforme as hipóteses citadas pela diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, em seminário recente.Mas, nas explicações sobre a queda da produção, neste ano, a Petrobrás não deixa claro se o problema é a falta de equipamentos, como justificou seu diretor, as deficiências de pessoal ou a escassez de recursos. Ante a gravidade da crise global, que pode ameaçar a oferta de crédito, as explicações precisam ser mais pormenorizadas.