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Pnad mostra um mercado de trabalho fraco

População desocupada no trimestre março-maio de 2018 atingiu 13,2 milhões de pessoas, inferior aos 13,8 milhões de desempregados de igual trimestre de 2017

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Por Redação
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Foram pouco animadores os resultados recentes do emprego avaliados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desocupação de 12,7% apurada no trimestre móvel compreendido entre os meses de março e maio de 2018 foi muito próxima à do trimestre dezembro de 2017-fevereiro de 2018 (12,6%), mas esses números não revelaram o mais importante: o equilíbrio registrado entre os dois períodos só foi obtido devido ao aumento do emprego informal e das contratações do setor público, enquanto diminuía o emprego formal no setor privado. 

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua do IBGE, a população desocupada no trimestre março-maio de 2018 atingiu 13,2 milhões de pessoas, inferior aos 13,8 milhões de desempregados de igual trimestre de 2017. Por conta desses números, o economista José Márcio Camargo, professor do Departamento de Economia da PUC-Rio, avalia que a tendência do mercado de trabalho ainda é de melhora gradual, pois o desemprego tem-se mantido entre 0,5 e 0,6 ponto porcentual abaixo do índice do ano passado. Na mesma linha, Tiago Cabral Barreira, do Ibre/FGV, se refere a uma recuperação lenta e gradual do mercado de mão de obra, embora admitindo que todos os efeitos negativos da greve dos transportadores sobre a economia – e sobre o emprego – ainda não são totalmente perceptíveis. 

O problema é que o número de empregados com carteira assinada no trimestre março-maio de 2018 caiu 1,1% em relação ao trimestre dezembro de 2017-fevereiro de 2018 e 1,5% em relação a igual trimestre de 2017, correspondendo a 483 mil pessoas. Entre os dois períodos, o número de empregados sem carteira subiu 2,9% e 5,7% (597 mil pessoas). Cresceu também a quantidade de pessoas que nem trabalham nem procuram emprego, não tratadas como desempregadas. 

O nível de informalidade se aproxima do recorde histórico, nota o economista Thiago Xavier, da Tendências. Outro mau sinal é o rendimento médio habitual, que ficou estável nos períodos de comparação, bem como a massa de rendimento real habitual. 

A administração pública contratou 319 mil vagas entre maio de 2017 e maio de 2018, o que não deve ser visto como um sinal positivo, mas preocupante, dado o estado deficitário das contas fiscais vistas como um todo.