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Preços caem menos para os mais pobres

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Por Redação
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Quando os preços em média caem, a queda tem sido mais sensível para aqueles que têm maior renda do que para os mais pobres. O recém-divulgado Indicador Ipea por Faixa de Renda, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, mostra que, em novembro, o decréscimo dos preços, em média, foi de -0,23% para as famílias de renda mais alta e de -0,17% para as de renda mais baixa. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, registrou uma deflação de -0,21% em novembro.

A diferença é diminuta, mas significativa. Na análise sobre a variação do IPCA em novembro, foi citado como principal fator para a deflação a queda dos preços dos combustíveis, com recuo de -3,07% no preço da gasolina, -0,52% no do etanol e de -0,58 no do diesel. Isso tem impacto mais acentuado no orçamento da população de renda mais alta, que usa o automóvel mais intensamente para trabalhar ou para lazer. Para esse segmento, os principais fatores inflacionários em novembro foram as altas de 2,1% no gás encanado, de 2,9% nas passagens aéreas e de 0,8% nos planos de saúde.

Já as classes de renda mais baixa têm de recorrer ao transporte coletivo. A redução dos preços dos combustíveis não se refletiu nas tarifas de ônibus. Esse segmento social foi mais beneficiado pelo recuo dos preços da energia elétrica (-4%) e dos produtos de higiene pessoal (-4,7%). Isso ajudou a compensar os maiores gastos dos mais pobres com a alta de 0,39% no grupo alimentos e bebidas e os reajustes de 0,5% no preço do gás de botijão e de 0,4% dos aluguéis, ocorridos no mês.

As contas de luz geralmente não são um ônus maior para os mais ricos, mas representam um custo obrigatório bastante elevado para as classes de renda mais baixa, especialmente para milhões de desempregados. Os consumidores dessa faixa podem atrasar o pagamento de prestações ou outros débitos, mas sabem que podem sofrer grande incômodo com o corte no fornecimento de luz se deixarem de saldar as contas vencidas.

A boa notícia é que, com uma boa estação chuvosa, as contas de luz serão cobradas pela bandeira verde a partir deste mês de dezembro, sem encargos extraordinários para os consumidores, como vinha acontecendo desde maio, quando entraram em vigor sucessivamente as bandeiras amarela e vermelha.