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Queda do setor de serviços afeta a base do emprego

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Por Redação
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Para a maioria dos mais de 11 milhões de desempregados no País, o último refúgio é o setor de serviços, que reúne atividades tão diversas como transporte, alimentação, recreação e turismo, telecomunicações, alojamento, informação e comunicação, tecnologia e administração, inclusive nas esferas públicas, além do comércio. Daí o temor de que o agravamento da recessão no setor, exibido na pesquisa de março do IBGE (Pesquisa Mensal de Serviços), abrangendo grande parte dessas atividades, torne mais difícil a recuperação da economia brasileira.

O setor de serviços responde por mais de dois terços do PIB. Em 12 meses, até março, segundo o Ministério do Trabalho, pouco menos de 11 milhões de trabalhadores formais foram admitidos em serviços e comércio e bem mais de 11 milhões, demitidos, saldo líquido negativo superior a 700 mil. Basta para indicar o relevo da área.

Entre março de 2015 e março de 2016, houve queda de 5,9% no volume de serviços, segundo o IBGE. Entre os primeiros trimestres de 2015 e 2016, o recuo foi de 5%. A diminuição da demanda foi generalizada, atingindo até comunicações – numa hora de mudanças políticas e enorme interesse pela informação. Famílias submetidas à perda de rendimentos, à inflação e ao desemprego reduziram em 3,8% a demanda de serviços entre março de 2015 e março de 2016. Restaurantes fecharam as portas por falta de clientes. Varejistas renegociam contratos de aluguel para manter a atividade. Prestadores de serviços pessoais como cabeleireiros, manicures, cuidadores, eletricistas ou encanadores raramente escaparam da crise.

Entre as poucas atividades onde houve crescimento estiveram o transporte aéreo e o transporte aquaviário, notando-se queda menos intensa no turismo, mais forte nos primeiros trimestres.

Na comparação entre março de 2015 e março de 2016, a queda foi nacional. Dela escaparam somente Tocantins, Roraima, Rondônia, Distrito Federal, Ceará e Alagoas. As outras 21 regiões pesquisadas pelo IBGE registraram quedas entre o mínimo de 3,5% (Acre) e o máximo de 16,3% (Amazonas). Em Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Amapá o recuo superou 10%. Em São Paulo foi de 6,3%, acima da média, e no Rio foi de 3,6%, abaixo da média.

O comportamento dos serviços depende dos setores primário (agricultura), secundário (indústria), exportação e administração pública. Pode cair mais antes de retomar.