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Recuperação dos serviços ainda não é evidente

Entre os primeiros semestres de 2017 e de 2018, houve queda do volume de serviços de 0,9%

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Por Redação
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A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de junho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) superou as expectativas das consultorias econômicas, mas não bastou para assegurar que o setor está ingressando numa fase de recuperação firme. O elevado crescimento de 6,6% do faturamento real dos serviços em relação a maio foi consequência da base insatisfatória de comparação, pois em maio o setor foi atingido em cheio pela greve dos transportadores rodoviários e caiu 5%.

Foram justamente os serviços de transporte, seus auxiliares e correios que puxaram para cima os resultados de junho, ao evoluírem 15,7%, porcentual que superou com folga a queda de 10,6% de maio.

Entre maio e junho, também foram positivos os números das atividades de informação e comunicação (+2,5%), serviços profissionais, administrativos e complementares (+0,4%) e outros serviços (+3,9%). Mas a melhora não foi suficiente para uma reação clara dos indicadores de longo prazo.

Os piores resultados vieram dos serviços prestados às famílias, com recuo de 2,5%. Muitas famílias trocaram o consumo de alimentos nos restaurantes por refeições preparadas em casa, o que pesou bastante no indicador.

Entre os primeiros semestres de 2017 e de 2018, houve queda do volume de serviços de 0,9%. O recuo foi mais intenso (1,2%) na comparação entre os últimos 12 meses, até junho, e os 12 meses anteriores. Só a comparação entre junho de 2017 e junho de 2018 foi positiva (+0,9%).

Os analistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) interpretaram os números de junho como indicativos de que “voltaram a aumentar as chances de o setor de serviços ter dias melhores”. O que de melhor poderá acontecer é a estabilização após “um semestre quase perdido” para a atividade.

O setor de serviços tem peso decisivo na economia, como grande empregador e maior contribuinte do Produto Interno Bruto (PIB). Pode-se afirmar, assim, que enquanto a retomada dos serviços não for comprovada, não se poderá falar em retomada clara do ritmo da atividade econômica. Junho deve ser visto como um mês excepcional, em que a melhora veio após a paralisia dos transportes, quando faltou o escoamento de insumos e produtos industriais e agrícolas.