13 de março de 2010 | 00h00
É um cenário bem melhor do que o observado no ano passado, marcado pela crise econômica mundial, pelas incertezas quanto à demanda internacional, pela queda de preços e, em algumas regiões ? sobretudo o Sul ?, por uma prolongada estiagem. O Paraná, por exemplo, o Estado mais afetado pela seca, deverá retomar sua posição de principal produtor de grãos do Brasil na safra 2009-2010, com a produção de 29,3 milhões de toneladas.
O avanço da produtividade em virtude do maior uso de insumos e máquinas é surpreendente. O milho, por exemplo, embora registre redução de 4,1% na área cultivada em relação à safra anterior, terá um aumento de colheita de 2,6%. "Apesar da redução da área que ocorreu por causa dos preços desfavoráveis, o aumento do rendimento vai garantir a alta da safra do milho", disse o gerente de Agricultura do IBGE, Mauro Andreazzi.
Com essa colheita, o Brasil reforçará uma tendência que se observa há anos. A agricultura brasileira vem tendo desempenho melhor do que a de outros países grandes exportadores agrícolas. Entre 2000 e 2008, como mostrou reportagem de Raquel Landim no Estado de domingo passado, as exportações agrícolas brasileiras cresceram à média anual de 18,6%, desempenho bem superior ao do Canadá (6,3%), da Austrália (6%), dos EUA (8,4%) e da União Europeia (11,4%).
Há dez anos, o Brasil era o sexto maior exportador mundial de produtos agrícolas. Em 2008, o terceiro maior exportador mundial, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia. De acordo com a OMC, o Brasil exportou US$ 61,4 bilhões em produtos agropecuários em 2008. O Canadá, o quarto colocado, exportou US$ 54 bilhões.
Melhorar a posição no ranking mundial, porém, será muito difícil. Em 2008, as exportações dos Estados Unidos alcançaram US$ 140 bilhões e as da União Europeia, US$ 126 bilhões, mais do dobro do resultado alcançado pelo Brasil. A distância é muito grande.
Mas o Brasil tem condições de aproximar-se dos líderes, pois os principais fatores que impulsionaram a produção brasileira nos últimos anos continuam presentes. Entre eles estão a disponibilidade de recursos naturais, como terra, água e sol; a demanda dos países asiáticos; e o aumento da produtividade. A produtividade, por exemplo, sustentada, principalmente, pelas pesquisas da Embrapa de variedades e de métodos adequados à realidade brasileira e pela modernização da gestão no campo, continua a crescer.
Problemas existem, e não são desprezíveis. O principal desafio da agricultura brasileira é a precária infraestrutura. As estradas são ruins e não atendem importantes regiões. Por causa dessa deficiência, que o governo não consegue eliminar, o custo do frete representa quase metade do valor recebido pelo produtor de soja de Mato Grosso.
"Sem infraestrutura, os custos de produção não são competitivos e a agricultura não consegue chegar a regiões que poderiam ser agrícolas, como o norte de Minas Gerais", observa o sócio-diretor da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros.
Também inibe a expansão da atividade agrícola a preocupação mundial com o meio ambiente, que tem gerado pressões no sentido da preservação das matas nativas. Há dez anos, estimava-se em 100 milhões de hectares a área nova disponível para agricultura; hoje, a estimativa está em 60 milhões de hectares. Mesmo assim, a agricultura encontra áreas para crescer, como o oeste da Bahia, o leste de Mato Grosso e o sul do Maranhão e do Piauí.
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