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Saindo do aperto

Aumento das vendas no varejo reflete a melhora das condições de vida do brasileiro

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Por Redação
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O brasileiro volta às compras, depois de um longo aperto no gasto familiar, e o aumento das vendas no varejo reflete a melhora, lenta, mas inegável, das condições de vida. Em setembro, o comércio varejista vendeu 0,5% mais que em agosto e 6,4% mais que um ano antes. Esse dado confirma um cenário bem mais favorável que o da fase final da mais demorada e mais funda recessão registrada no Brasil. Quando se acrescenta o movimento das lojas de veículos, seus componentes e material de construção, chega-se aos números do varejo ampliado. No conjunto, o volume vendido cresceu 1% de agosto para setembro e tornou-se 9,3% superior ao de setembro de 2016, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Responsável pela pesquisa, a economista Isabella Nunes chamou a atenção para as vendas de supermercados, 6,3% maiores que as de setembro do ano anterior, e de farmácias, com diferença de 8,3% em relação às de um ano antes. São sinais, segundo comentou, de aumento da renda familiar e da queda do desemprego. O maior movimento do comércio é visível, no entanto, em quase todos os segmentos.

No ano, o comércio varejista restrito vendeu 1,3% mais que entre janeiro e setembro de 2016. No caso do varejo ampliado, o aumento do volume, nessa comparação, chegou a 2,7%. No acumulado em 12 meses, a maior parte dos segmentos continua com números negativos, mas em firme trajetória de recuperação, assim como os indicadores de confiança de consumidores e empresários.

A melhora da renda real e, portanto, do poder de compra das famílias está claramente associada ao forte recuo da inflação. Depois de ultrapassar o ritmo anual de 10% no fim de 2015 e início de 2016, os preços de bens e serviços consumidos pelas famílias começaram a perder impulso e, em alguns casos, até a diminuir. De janeiro a setembro deste ano, a inflação ficou em 1,78%, segundo a pesquisa mensal do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em igual período do ano anterior a variação havia sido de 5,51%. Nos 12 meses até setembro, em relação ao período imediatamente anterior, ficou em 2,54%.

Inflação moderada significa erosão mais lenta do poder de compra da renda familiar. No Brasil, a evolução mais favorável do IPCA incluiu uma prolongada queda de preços de alimentos e bebidas. Com a alimentação mais barata, sobrou mais dinheiro para o consumo de outras categorias de bens.

Mesmo com a acomodação dos preços da comida, depois de uma queda prolongada, as condições dos preços deverão permanecer compatíveis com a recuperação do consumo e, portanto, com a expansão de um componente importante da demanda interna. Outro importante componente, o investimento em máquinas, equipamentos e obras, dependerá da redução da capacidade ociosa da indústria, ainda ampla, e do avanço das concessões na área de infraestrutura.

De toda forma, a reação do consumo e o crescimento da exportação têm propiciado a reativação da indústria. Em setembro, depois de 39 meses de queda, a produção industrial acumulada em 12 meses ficou positiva, com variação de 0,4%. O balanço do mês apontou crescimento de 0,2% em relação ao volume de agosto e ganho de 2,6% em comparação com o de setembro de 2016.

A recuperação da indústria já é perceptível também na abertura de vagas. O setor criou 67 mil postos de trabalho no terceiro trimestre, com aumento de 0,6% no total de ocupados em relação ao período de abril a junho. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Em 12 meses, o saldo de contratações e demissões na indústria chegou a 245 mil. Alguns outros setores também contrataram e 1,06 milhão de postos foram abertos em um trimestre. Mas o desemprego total, embora em queda desde o primeiro semestre, continuou elevado, com 12,4% da força de trabalho em busca de ocupação. Mas a economia se move, o País tem rumo, fixado pela política de ajustes e reformas, a vida melhora e fica para trás o desastre causado pela irresponsabilidade populista.