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Segue a retomada

A economia avança mais velozmente que em 2017 e novos dados fortalecem previsão de crescer a 3% em 2018

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Por Redação
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A retomada prossegue, a economia avança mais velozmente que no ano passado e novos dados fortalecem as previsões de crescimento próximo de 3% em 2018. Em janeiro, a atividade foi 2,97% mais intensa que um ano antes, segundo a avaliação publicada mensalmente pelo Banco Central (BC). Houve no começo do ano uma acomodação, com recuo de 0,56% em relação a dezembro, quando havia sido alcançado o nível mais alto desde o início da recuperação. As apostas de 28 fontes financeiras consultadas pela Agência Estado haviam ficado entre uma alta mensal de 0,20% e uma baixa de 2,60%, com mediana negativa de 0,80%. O número oficial divulgado ontem foi, afinal, melhor que a mediana. O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) é usado por economistas do mercado como prévia do Produto Interno Bruto (PIB), atualizado a cada três meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Um quadro melhor que o de 2017 vem sendo apontado, de modo geral, pelos dados publicados até agora. Em janeiro, a produção industrial foi 2,4% inferior à de dezembro, mas 5,7% maior que a de um ano antes, com expansão de 2,8% acumulada em 12 meses. O resultado mais notável foi o da fabricação de máquinas e equipamentos, 0,3% menor que o do mês anterior e 18,3% maior que o de janeiro de 2017. Especialmente importante, esse é um dos indicadores do investimento em capacidade produtiva. Esse investimento continua bem abaixo das necessidades nacionais, mas têm surgido fortes sinais de melhora.

Bem melhores que os de um ano antes foram também os números de janeiro do comércio varejista. As vendas no varejo restrito superaram por 0,9% as de dezembro e por 3,2% as de igual mês do ano passado. As do varejo ampliado (com inclusão de veículos e materiais de construção) diminuíram 0,1% de dezembro para janeiro, numa acomodação normal, mas ficaram 4,6% acima das notadas no começo de 2017.

A inflação baixa continuou favorecendo o poder de consumo das famílias. Os brasileiros continuaram indo às compras, mas ainda concentrando seus gastos em bens e deixando os serviços para mais tarde.

Outros detalhes do IBC-Br também mostram a continuidade da recuperação. No trimestre móvel encerrado em janeiro, o nível de atividade foi 1,32% superior ao do período de outubro a dezembro. Sobre o mesmo trimestre móvel de um ano antes o avanço foi de 2,97%. Às vezes se dá excessiva atenção às oscilações observadas de um mês para outro. Comparações desse tipo nem sempre fornecem uma boa percepção de tendências.

O cenário pode ficar bem mais claro quando os confrontos envolvem dados trimestrais e, muito especialmente, quando se observa a distância entre os últimos dados e os de igual período do ano anterior.

No mercado, as projeções de crescimento econômico em 2018 permanecem concentradas na faixa de 2,50% a 3%. A mediana das projeções captadas na pesquisa Focus, do BC, recuou ligeiramente na última semana, passando de 2,87% para 2,83%, mas permaneceu acima daquela registrada quatro semanas antes (2,80%). A mediana para 2019 continuou em 3%. Para 2020 a estimativa foi mantida em 2,50%.

O otimismo quanto à evolução da economia neste ano aparece claramente nas projeções de crescimento industrial. A mediana chegou a 3,98%, bem acima da registrada quatro semanas antes (3,51%). O cálculo para 2019 ficou estável em 3,50%. Se essas estimativas estiverem corretas, a recuperação de emprego, renda e consumo será acelerada, por causa do impacto da atividade industrial em todos os segmentos do mercado. Tanto melhor se a inflação continuar moderada. Com menor corrosão da renda, será possível manter o consumo em expansão e isso realimentará a produção de bens e serviços.

Fortes solavancos políticos poderão prejudicar a trajetória indicada nas projeções do mercado. Além disso, falta saber como ficará a perspectiva da pauta de reformas, interrompida e deixada para um novo governo com inclinações ainda muito difíceis de prever.