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Selic no piso, ou poderá aumentar?

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Por Redação
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A redução de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic, pelo Comitê de Política Monetária (Copom), esteve dentro do que previa o mercado. É a quinta redução consecutiva da Selic. Resta saber se ela encontrou seu piso e por quanto tempo se pode esperar que esse valor será mantido. A função da taxa Selic é orientar as taxas de juros de curto prazo. Não tem efeito imediato e as autoridades monetárias chegaram, recentemente, à conclusão de que afeta o custo efetivo do dinheiro um ano depois, e não em seis meses, como se pensava até agora. A reação das entidades de classe, considerando a Selic muito alta ainda, pode não se justificar em vista da demora dos seus efeitos sobre os juros efetivamente praticados. Já há uma redução desses juros, embora não reproduza plenamente a queda da Selic - não tanto pelo fato de a taxa básica ser ainda muito elevada, mas sim porque o Brasil é o campeão da diferença entre os juros bancários e a Selic. O Tesouro continua sendo o maior beneficiário da redução da taxa Selic, que baixa imediatamente o custo da dívida mobiliária. Não se pode menosprezar o efeito da redução da Selic sobre as aplicações financeiras, com a rentabilidade das cadernetas de poupança, em muito casos, superando a de outras aplicações em renda fixa, o que pode criar dificuldades para os bancos que precisam dessas últimas. Será que o patamar atual da Selic se constitui em piso duradouro? O comunicado final da reunião suprimiu a referência - do comunicado de 10 de junho - a uma flexibilização mais parcimoniosa da política monetária, preferindo destacar a trajetória da inflação e, fato novo, a recuperação não inflacionária da atividade econômica. Somente uma queda maior da inflação e um agravamento da conjuntura econômica, ao que parece, deveriam levar a uma nova redução da taxa Selic. No entanto, 2010 será um ano eleitoral e começará com uma situação fiscal muito comprometida, suscetível de provocar uma retomada da inflação. O mercado futuro de juros reagiu à observação do presidente do Banco Central, reduzindo os juros de curto prazo, mas aumentando as taxas de longo prazo. Será difícil aumentar a Selic num ano eleitoral, e se Henrique Meirelles for candidato ao governo de Goiás, deverá ser substituído em abril: a escolha do seu sucessor dará uma pista para saber se a linha ortodoxa continuará ou se se aceitará uma volta da inflação sem o remédio da política monetária.