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Sequência coordenada para reduzir o calote

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Por Redação
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Além da queda progressiva da taxa básica de juros, uma sequência de medidas vem sendo adotada pela equipe econômica para redução da inadimplência das famílias, de modo a destravar o crédito e fazer baixar o custo do dinheiro para o consumidor e para as empresas. Embora o número de pessoas físicas com dívidas em atraso por mais de 90 dias tenha caído para 46% ao fim de 2016, um avanço sensível em relação a 2015 (53%), segundo as últimas pesquisas, este porcentual é ainda muito elevado, levando os bancos a fazerem grandes provisões para devedores duvidosos, o que contribui para a manutenção de altas taxas de empréstimo.

Depois de elevar os limites de financiamento no programa Minha Casa, Minha Vida, o conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) autorizou os mutuários do Sistema Financeiro da Habitação a usar recursos do fundo para quitar até 12 prestações em atraso (antes só podiam ser 3).

A Caixa Econômica Federal (CEF) divulgou em fevereiro o calendário para os saques de contas inativas do FGTS, vinculadas a empregos antigos, dos quais trabalhadores foram desligados até dezembro de 2015. Estima-se que essas retiradas injetem R$ 30 bilhões na economia. Uma parte substancial desse valor, por certo, será destinada a saldar dívidas financeiras, uma das principais metas dos brasileiros em 2017, como constatou levantamento do SPC Brasil.

Não são casos isolados. Tornaram-se comuns nos últimos meses os feirões para renegociação de dívidas em atraso. Esses entendimentos informais entre clientes e instituições financeiras vão se tornar obrigatórios com medida tomada em janeiro pelo Banco Central (BC) e que entra em vigor em abril, que determina que o crédito rotativo nos cartões de crédito só pode ser concedido por 30 dias após o vencimento da fatura. A partir daí, os bancos terão de oferecer ao cliente uma nova modalidade de financiamento ou parcelar o crédito rotativo com número de prestações e juros menores.

Haverá algum impacto dessas medidas sobre o sistema financeiro, mas elas tendem a ser diluídas à medida que a inflação cair e o mercado se adaptar a uma nova realidade.