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Sinais tímidos de melhora na indústria

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Por Redação
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Tanto os dados do IBGE sobre a produção física regional da indústria em março como os da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram ligeira melhora da atividade em relação a fevereiro. Mas a comparação com os dados de 2008 ainda é muito negativa, e um único dado - o declínio das vendas de veículos em abril - poderá adiar uma recuperação mais forte. Comparando os meses de março de 2008 e 2009, o IBGE constatou queda em 13 das 14 regiões pesquisadas (o Paraná foi a exceção), com declínio médio de 10% na produção. Entre os primeiros trimestres de 2008 e 2009, o recuo foi maior (-14,7%) e atingiu todo o País. Mas, entre fevereiro e março, a indústria carioca produziu 5,4% mais; a pernambucana, 5%; a mineira, 3,4%; e a paulista, 1%. Na média, o crescimento foi de 0,7%, com aumento em 8 das 14 regiões pesquisadas. Mas a recuperação por setores não foi generalizada. No Rio, o setor extrativo cresceu 17,9% (houve recorde na produção da Petrobrás) e houve aumento de 18,8% no segmento de bebidas. Em Minas, o maior crescimento foi no setor de alimentação, o mesmo ocorrendo em Pernambuco. Em São Paulo, a indústria farmacêutica produziu 40% mais. De acordo com a CNI, o faturamento real da indústria aumentou 2,9% entre fevereiro e março, após ajustes sazonais. Mas o nível de utilização da capacidade atingiu 78,7% (0,5 ponto porcentual acima de fevereiro). É baixo, portanto, após cinco meses seguidos de queda. Em março de 2008 esse nível era de 82,6%. Houve, ainda, queda do nível de emprego e crescimento de apenas 0,3% da massa salarial (ante a média de 2,3%, na mesma base de comparação, nos últimos três anos). É improvável, segundo o economista da CNI Flávio Castelo Branco, que a indústria saia da recessão neste trimestre, pois os sinais indicam somente "que o cenário deixou de piorar". Uma recuperação mais forte dependerá da indústria automobilística. Segundo a associação das montadoras (Anfavea), a produção caiu 6,9%, em relação a fevereiro, e 15,8%, em relação a abril de 2008, enquanto as vendas declinaram, respectivamente, 13,7% e 10,7%. Houve, é verdade, aumento de 25% nas vendas de materiais de construção, segundo a entidade de classe (Anamaco). Mas mais relevante é saber se esse é um sinal de melhora do setor de construção civil, que lidera os investimentos fixos. Por ora, a retomada industrial ainda é lenta e restrita a regiões ou setores.