Imagem ex-librisOpinião do Estadão

Também o banco central americano tem dúvidas sobre o governo Trump

O presidente eleito Donald Trump prometeu reduzir tributos, elevar gastos com infraestrutura e desregulamentar a economia. O resultado provável no curto e no médio prazos é uma aceleração do crescimento econômico, acompanhada de redução do desemprego e, possivelmente, de alguma pressão inflacionária

Exclusivo para assinantes
Por Redação
1 min de leitura

Era esperada a decisão do Comitê de Política Monetária (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que elevou em 0,25 ponto porcentual a taxa básica de juro válida a partir de 15 de dezembro de 2016. Assim, a taxa passou de 0,5% para 0,75% ao ano. A previsão predominante no Fomc é de que haverá novas elevações do juro básico em 2017, que chegaria a 1,5% ao ano.

Mas o que predominou na reunião do Fomc foi o sentimento de incerteza em relação ao novo governo, que tomará posse no próximo dia 20. Faltando pouco para a posse, nem o Fed alimenta certezas sobre o futuro da maior economia do mundo – e esse é o fato mais preocupante.

O presidente eleito Donald Trump prometeu reduzir tributos, elevar gastos com infraestrutura e desregulamentar a economia. O resultado provável no curto e no médio prazos é uma aceleração do crescimento econômico, acompanhada de redução do desemprego e, possivelmente, de alguma pressão inflacionária. É o que justifica a expectativa de juros em alta.

O nível de desemprego já é baixo (de 4,8%, em 2016, deve cair para 4,6%, neste ano, e para 4,5%, em 2018, conforme a média das projeções do Fomc) e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) americano está em alta, de estimado 1,9% em 2016 para 2,1% em 2017. Trump desejaria aceleração maior do PIB. A questão é o custo fiscal das iniciativas do novo governo. Cerca de metade dos dirigentes do Fed levou em conta a hipótese de “uma política fiscal mais expansionista em suas previsões”.

A comunicação correta dos problemas é outro desafio das autoridades monetárias. A palavra insegurança foi citada dezenas de vezes na Ata do Fed divulgada na quarta-feira passada. A bússola do Fed não parece apontar um rumo seguro.

Para países emergentes, há risco de mais protecionismo e menos investimentos, com juros altos atraindo mais recursos para os EUA. A melhor hipótese para o Brasil é beneficiar-se de crescimento mais rápido nos EUA e no mundo desenvolvido. Segundo o Monitor de Política Econômica Global, do Banco Itaú, a zona do euro e países como Japão e Reino Unido já adotam políticas expansionistas.