28 de abril de 2016 | 03h00
No dia 25 passado, Dilma recebeu em audiência a vanguarda desses movimentos, a saber: João Pedro Stédile, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST); Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT); e Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). A fina flor dos gaudérios pátrios não estava lá, é claro, para defender a democracia, pois esta lhe provoca urticária. Estava, sim, para explorar o fim de feira presidido por Dilma e levá-la a assinar o papel que lhe puserem na frente.
Na reunião, depois de cumprir a praxe de reivindicar mais terras e moradias, a tigrada foi ao que interessa: cobrou que Dilma nomeasse integrantes de sua patota para preencher as vagas de alto escalão abertas na administração em razão da exoneração dos apadrinhados de deputados que votaram pelo impeachment.
A exigência já constava de um manifesto lançado pela tal Frente Brasil Popular, dirigida por MST e CUT, que atuam como braços do PT. Diz o texto, literalmente: “Demandamos à presidenta da República que prontamente reorganize seu Ministério, com representantes das forças partidárias e sociais que conformam a resistência democrática”. O próprio PT, em sua mais recente resolução, “recomenda à presidenta Dilma Rousseff que proceda imediatamente à reorganização de seu Ministério, integrando-o com personalidades de relevo e representantes de agrupamentos claramente comprometidos com a luta antigolpista, além de incorporar novos representantes da resistência democrática”.
Ou seja, a chusma de parasitas quer dominar o Ministério de Dilma e aproveitar os últimos dias em que a caneta da presidente ainda tem tinta para se banquetear de favores. E Dilma parece disposta a fazer tudo o que essa turma de ergofóbicos quer, eliminando os últimos vestígios de decência que restavam em seu governo.
Um exemplo de que a porteira está escancarada foi a espantosa liberação, em menos de um mês, de 30 processos de demarcação de terras que eram reivindicadas havia anos por índios e quilombolas. O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, publicou de uma vez cinco portarias declaratórias em que reconhece terras indígenas cuja extensão supera a das áreas demarcadas nos últimos cinco anos.
O despautério não vai parar por aí. Dilma mandou espalhar a informação de que ordenou a seus ministros a implementação do maior número possível de medidas nesses que devem ser seus últimos momentos na Presidência. O objetivo, segundo a delirante versão governista, é impedir que o vice Michel Temer “roube” a autoria dessas medidas quando assumir o lugar de Dilma. Pode-se esperar, assim, que a desarrumação atual se aprofunde, pois muitas dessas decisões, tomadas sem nenhum critério, serão de difícil reversão.
Nessa aventura, Dilma terá a competente ajuda de gente especializada em confusão e que, sem ter tido um só voto, ganhará poder para impor aos brasileiros sua agenda demagógica e irresponsável, cujo único objetivo é estimular a sensação de ruptura, que só interessa aos que fazem profissão de fé na hostilidade à democracia.
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