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Transporte público no ABC

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Por Redação
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Já está em elaboração o projeto de ligação à rede metropolitana de transporte público de passageiros da parte da região do ABC paulista não servida pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e pelos ônibus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (Emtu). Os sete prefeitos da região discutiram o assunto com representantes do governo do Estado e com o prefeito da capital, Gilberto Kassab, que concordaram com o projeto, e pretendem apresentá-lo ao governo federal dentro de duas semanas. Trata-se de uma típica questão metropolitana, cuja solução, por isso, deve envolver diferentes instâncias de governo. Mas nem sempre esses problemas têm sido tratados de maneira conjunta pelos administradores públicos. Se tudo der certo, dessa atuação coordenada das prefeituras da região e dos governos estadual e federal - chefiados por membros de diferentes partidos políticos - resultarão benefícios expressivos para a população. Será, por exemplo, reduzido o crescimento das viagens individuais por automóveis, que aumentam mais depressa do que as viagens por transportes coletivos e já representam um terço dos deslocamentos na região metropolitana de São Paulo. Há muitas décadas, a Linha D da CPTM - trecho da antiga Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, entre as Estações Luz e Rio Grande da Serra - atende parcialmente a região do ABC. O corredor metropolitano São Mateus-Jabaquara, cuja operação é controlada pela Emtu, com uma frota de mais de 200 veículos, que circulam em faixa exclusiva, atende parte dos municípios de Diadema, São Bernardo do Campo, Santo André e Mauá, além da capital. Mas muitos moradores do ABC não têm acesso a essas linhas e dependem de ônibus ou de condução própria para chegar à capital. É para atender essa parte da população da região que, como mostrou reportagem de Eduardo Reina publicada há dias pelo Estado, está sendo projetado um sistema de veículo leve sobre trilhos (VLT) - usando canais exclusivos de tráfego -, que ligará o centro de São Bernardo do Campo à Estação São Caetano do Sul da CPTM. A interligação à CPTM permitirá que os passageiros tenham acesso à Linha 2 do Metrô, através da Estação Tamanduateí, no bairro do Ipiranga, cuja inauguração está prevista para o ano que vem. Outro ramal poderá ser construído entre o centro de Diadema e a Estação Jabaquara ou São Judas do Metrô, na capital. O VLT ligando São Bernardo do Campo à Estação São Caetano do Sul da Linha D da CPTM passará pela Avenida Lauro Gomes e pelo bairro Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo. Ao cruzar o limite com São Caetano do Sul, percorrerá um trecho num tampão sobre o Ribeirão dos Meninos, ao longo da Avenida Guido Aliberti, até alcançar a estação da CPTM. O tampão sobre o Ribeirão dos Meninos (que demarca o limite entre São Caetano do Sul e São Paulo) foi escolhido porque reduz a necessidade de desapropriações. Do ponto de vista ambiental, porém, essa escolha exigirá a eliminação definitiva do problema das enchentes nas duas margens do ribeirão. Será preciso também estabelecer uma política tarifária adequada para o novo sistema. Os prefeitos da região já estão discutindo com a Secretaria de Transportes Metropolitanos a criação de um bilhete único metropolitano. O projeto do ABC não é o primeiro VLT de São Paulo. O Sistema Integrado Metropolitano da Baixada Santista, de responsabilidade da Secretaria de Transportes Metropolitanos, e que já está em execução, prevê 19 quilômetros de linha em VLT. O sistema terá cinco terminais, três estações de transferência e 12 paradas, a um custo de R$ 640 milhões, sendo R$ 430 milhões em obras civis e equipamentos e o restante em material rodante, sinalização, sistemas e garagens. A linha principal começa no Terminal Barreiros, atravessa São Vicente e depois se dirige ao Terminal Porto, em Santos. Está prevista uma extensão até o Terminal Ponta da Praia e outra até o Terminal Praça da República. O secretário José Luiz Portella garante que o VLT da Baixada entrará em testes em dezembro de 2010.