
04 de janeiro de 2012 | 03h06
Bolsas subiram na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos e a Bovespa acompanhou o movimento. A reação foi positiva também nos mercados de commodities, com valorização dos metais e do petróleo (neste caso, com alguma influência da crise na região do Golfo Pérsico). Curiosamente, o otimismo dominante durante a maior parte do dia foi acompanhado de preocupação quanto às condições de algumas economias pesadamente endividadas. Os governos da Bélgica e da Holanda venderam títulos públicos sem dificuldade, com juros menores que os de leilões anteriores, mas os compradores foram mais cuidadosos em relação aos papéis da França e da Espanha. Os juros dos títulos dos dois países subiram no mercado secundário.
No caso da Espanha, a desconfiança aumentou porque o governo reconheceu um déficit superior a 8% do Produto Interno Bruto em 2011. A meta era 6%. Será necessária uma política mais dura para a correção do desvio. Menos de uma semana antes havia sido anunciado um pacote de ajuste de 15 bilhões. Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro, prometeu medidas mais severas. O novo pacote envolverá um aperto de 40 bilhões. Na semana passada, o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, já havia mencionado novo aumento de impostos - uma notícia assustadora para um país em recessão.
Em relação à França, o temor é de rebaixamento da dívida pública. Essa possibilidade foi anunciada recentemente pela agência de classificação Standard & Poor's. O corte da nota poderá atingir outros 14 países da zona do euro e o mercado espera, neste momento, novidades sobre as próximas ações da agência. Enquanto não se divulgam novos detalhes, os mercados mantêm a cautela e impõem custos mais altos para a rolagem da dívida, embora a situação fiscal da França seja obviamente mais confortável que a da maior parte dos outros países da União Europeia.
Boas e más notícias continuarão motivando a oscilação nos mercados no dia a dia, enquanto se esperam mudanças mais significativas no quadro geral. A Comissão Europeia ainda terá muito trabalho para coordenar os ajustes indispensáveis aos países mais endividados e para implantar novos padrões de responsabilidade fiscal. Ao mesmo tempo, será preciso combinar as políticas de austeridade em alguns países com estímulos ao crescimento nas economias em melhores condições. Essas deverão funcionar como locomotivas do conjunto. Sem isso, a recuperação será muito mais lenta e mais penosa. Não há espaço para muito otimismo, disse na terça-feira um porta-voz da Comissão, Olivier Bailly. Segundo ele, a economia do bloco só deve crescer 0,5% este ano, pelas previsões atuais.
Nos Estados Unidos, a reativação pode ser comprometida pelo acirramento da campanha eleitoral. O governo terá muito trabalho para vencer a resistência republicana às medidas de estímulo à economia. O presidente Barack Obama terá a vantagem, no entanto, de não precisar negociar uma nova elevação do teto da dívida pública. Isso lhe dará algum espaço para conduzir sua política. Quanto mais rápida a recuperação da maior economia do mundo, melhor para todos.
Encontrou algum erro? Entre em contato