
11 de dezembro de 2012 | 02h07
Encontra, porém, uma justificativa para malfeitos, como a corrupção de parlamentares condenada pelo STF: tudo é parte da "missão histórica" de lutar pelos oprimidos. Assim, por se colocar do lado do Bem, o PT tem moral para cometer atos que só parecem condenáveis aos olhos do verdadeiro Mal: as elites opressoras e a burguesia egoísta. Aí vem Rui Falcão e protesta: querem destruir o PT numa campanha que "estimula o preconceito contra a política". Como se o PT já não se tivesse encarregado de estimular vivamente o preconceito contra a política, primeiro, ao descrevê-la como dominada por "picaretas"; depois, já no poder, em vez de tentar acabar com os "picaretas", ao escolher o caminho mais fácil de pura e simplesmente suborná-los.
É claro que as falácias lulopetistas só prosperam porque plantadas no campo fértil da ignorância e da desinformação. Assim, uma vez denunciadas, parece mais impressionante do que elas o sentimento de progresso material de um importante contingente de brasileiros antes mantidos à margem do consumo. É inegável essa conquista social dos governos petistas e impõem-se, a todos, o dever de lutar para ampliá-la. O que não se pode admitir é que o mérito dessa e outras realizações seja usado como pretexto para elidir o enorme demérito que significa atrelar o projeto de poder do PT à depreciação de valores democráticos e verdadeiramente republicanos, como a independência da representação popular (que não pode ser comprada); o respeito às prerrogativas constitucionais dos poderes (que não podem ser contestadas conforme as conveniências); e a impessoalidade da administração pública (que não pode ser transformada em repasto de companheiros e companheiras e mero instrumento de poder).
No exercício do poder, o lulopetismo aproveita-se cinicamente do fato de a massa popular estar mais preocupada com o próprio bolso do que com questões republicanas. É somente a partir de níveis mínimos de educação, de informação e da consequente conscientização política que o simples consumidor se transforma em cidadão capaz de ter o domínio de seu próprio destino. Se a educação não encontra nos governos o nível mínimo de prioridade que a verdadeira consciência democrática exige, pelo menos a informação precisa continuar circulando. E é exatamente por essa razão - por temer os efeitos que, mais cedo ou mais tarde, a informação sobre suas falácias e mistificações cale na consciência dos brasileiros - que os petistas odeiam a imprensa livre e, mais uma vez, proclamam a necessidade de "regulamentá-la". De novo, dissimulam sua verdadeira intenção: aplicar aqui, em maior ou menor grau, a censura praticada pelo decrépito regime cubano, pelos regimes "bolivarianos" da Venezuela, Equador e Bolívia e pelo regime sui generis da Argentina. Em resumo, o discurso petista é falso como uma nota de três reais.
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