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A consciência da maioria

Ao contrário de Bolsonaro, população aprova exigência de certificado de vacinação contra a covid-19

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Por Notas & Informações
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Uma pesquisa realizada pelo Instituto FSB a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 65% da população é favorável à exigência de apresentação de comprovante de vacinação contra a covid-19 por parte de estabelecimentos. Somente 22% se manifestaram contra essa condição de entrada e 10% se mostraram indiferentes. Ao todo, 2.016 pessoas foram entrevistadas em 27 unidades da Federação entre os dias 18 e 23 de novembro.

O levantamento mostra que os empresários que ainda se mantêm reticentes em relação a essa medida têm espaço para implantá-la. Dos consultados, 72% afirmaram que nenhum dos locais que eles frequentam solicitou a carteirinha de imunização na entrada. Apenas 18% disseram ter sido cobrados a apresentar o comprovante. Somente 9% afirmaram optar por não frequentar lugares que fazem essa exigência.

Um dos aspectos mais interessantes da pesquisa é o que revela que dois em cada três entrevistados têm medo de conviver diariamente com pessoas que optaram por não tomar a vacina. Felizmente, o ceticismo antivacina que mobiliza milhares de europeus em protestos instrumentalizados por partidos populistas de extrema direita não tem encontrado eco no País.

A maioria da população também mantém o uso de máscaras – 55% disseram que continuam a utilizá-las em qualquer ocasião e 40%, somente em ambientes fechados. Questionados sobre o fim da obrigatoriedade das máscaras, 49% responderam ser contra a proposta e 39% afirmaram ser favoráveis ao uso facultativo.

Os resultados do levantamento são um alento e mostram um nível de conscientização elevado por parte da maioria dos brasileiros, a despeito dos esforços do presidente Jair Bolsonaro em boicotar medidas sanitárias que limitam a contaminação, reduzem a gravidade dos casos e diminuem o número de mortes. “A vacinação em massa foi determinante para contermos a disseminação do vírus. Nesse sentido, a CNI apoia todas as medidas que ajudam no combate à covid-19”, disse o presidente da CNI, Robson Andrade.

Sem liderança nacional para conter o avanço da pandemia, o Brasil tem contado com o bom senso do Supremo Tribunal Federal (STF), que acertadamente acatou pedido da Rede Sustentabilidade para que o passaporte vacinal fosse exigido de todos aqueles que chegam do exterior. Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o certificado é requisito mínimo para impedir que o País seja transformado no destino turístico preferencial dos antivacina em todo o mundo.

Os indicadores do consórcio de veículos de imprensa são prova da confiança dos brasileiros nos imunizantes. Mais de 320 milhões de doses foram aplicadas e 65% da população completou o esquema vacinal. Entre os absurdos que costuma vociferar, Bolsonaro diz que as decisões devem ser tomadas pela maioria e que cabe às minorias se adequarem e se manterem na linha. Curiosamente, o presidente defende com entusiasmo um grupo evidentemente minoritário: o de apoiadores que lutam pelo direito de se infectar e de espalhar a doença e pela liberdade de morrer por essa “causa”.