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A covid ainda está por aí

Já passa de 1 milhão o número mundial de mortes neste ano, o que só reforça a urgência de ampliação da vacinação

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Por Notas&Informações
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) acaba de anunciar que mais de 1 milhão de mortes por covid-19 foram registradas no mundo entre janeiro e agosto deste ano. É um número estarrecedor e inaceitável, considerando que a humanidade dispõe de recursos e tecnologia − no caso, a vacina − para impedir as formas graves da doença. Não resta dúvida, portanto, quanto ao que precisa e deve ser feito: acelerar o ritmo de vacinação.

Ao divulgar o novo dado, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, reiterou que a humanidade “tem todas as ferramentas necessárias para prevenir essas mortes”. É isso mesmo: quase dois anos e meio depois que a própria OMS declarou o início da pandemia, em março de 2020, diversas vacinas foram desenvolvidas e aprovadas pelos órgãos de saúde, com produção suficiente para atender a população mundial. O cenário, portanto, é outro. 

Resta, então, ampliar urgentemente a cobertura vacinal, o que vem sendo feito, mas não no ritmo necessário. Em janeiro, como lembrou o diretor-geral da OMS, 34 países tinham taxa de cobertura inferior a 10% da população, quase todos na África. Esse número caiu para 10 países − o que continua sendo incrivelmente assustador. Sim, é sempre espantoso perceber o tamanho das disparidades internacionais.

Mesmo em países como o Brasil, onde 79% dos habitantes completaram o esquema vacinal primário (duas doses ou imunizante de dose única), foram registrados 197 óbitos apenas na última quinta-feira, como informou o Estadão, citando dados do consórcio de veículos de imprensa. Em um único dia, quase duas centenas de óbitos − eis outra estatística inaceitável, já que existe vacina para a doença. Esse é o ponto: considerando que a vacina é comprovadamente eficaz na prevenção das formas graves da covid-19, o número de mortes tende a cair quanto maior for a cobertura vacinal.

Daí a importância de que a mobilização para vacinar mais pessoas, no Brasil inteiro, avance e não perca fôlego. O que faz pensar no comportamento danoso e irresponsável de autoridades e candidatos, na atual campanha eleitoral, que disseminam discursos negacionistas, relativizando a necessidade da vacina. Nada mais equivocado. Nesse debate, o que está em jogo, literalmente, é a vida de muita gente. 

O Brasil responde por mais de 10% das mortes por covid-19 registradas no planeta: 683 mil dos mais de 6,4 milhões de óbitos em escala mundial. Como tudo na área da saúde, a maneira como a política pública de imunização é executada faz toda a diferença. Um bom exemplo é São Paulo, Estado que desde o início se destacou no enfrentamento da pandemia: o índice paulista de cobertura do esquema vacinal primário está em 87,9% − acima da média nacional. Ainda assim, há espaço para avançar, como de resto em todo o Brasil e no mundo.

A marca mundial de mais de 1 milhão de mortes por covid-19 registradas em menos de oito meses, neste ano, é mais uma demonstração de que a pandemia está longe de ser página virada. O caminho para a superação dessa triste realidade é amplamente conhecido: ampliar a cobertura vacinal, sem dar ouvidos a quem prega o negacionismo.