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A responsabilidade de cada um

Todos devem contribuir para frear a disseminação do novo coronavírus

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Por Notas & Informações
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Há somente quatro meses foi diagnosticado o primeiro caso de infecção por Sars-CoV-2, uma nova cepa do coronavírus, na província de Hubei, na China. Neste curto espaço de tempo, governos e sociedades de cerca de 145 países vêm sendo desafiados por essa nova doença, a covid-19 , hoje pandêmica, que já acometeu mais de 180 mil pessoas e levou à morte 7 mil delas, aproximadamente, além de alterar a vida de milhões de pessoas no mundo inteiro.

De acordo com o mais recente Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, há 2.064 casos suspeitos de covid-19 no Brasil e 234 casos confirmados, dos quais 152 (65%) estão em São Paulo, o Estado mais afetado do País. Sobre o governo e a população paulistas recai, pois, a responsabilidade de agir com máxima diligência para evitar mortes e, como dizem os especialistas, “achatar a curva” de disseminação da doença, o que será decisivo para não exaurir a capacidade do sistema público de saúde.

O governador João Doria, acompanhado do secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, e do coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, David Uip, anunciou em entrevista coletiva uma série de medidas para conter o avanço da covid-19 em São Paulo. De início, louve-se a disponibilidade das autoridades paulistas em conversar com a imprensa no curso da crise, quase diariamente, sobre dados epidemiológicos, medidas adotadas pelo governo estadual e informações úteis à população. Assim também têm agido o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e membros de sua equipe, notadamente o secretário executivo da pasta, João Gabbardo. Ter de destacar um comportamento tão comezinho em uma democracia – uma autoridade falar com a mídia profissional – é mais um sinal dos tempos esquisitos que o País atravessa.

A partir de hoje, todos os funcionários públicos estaduais com mais de 60 anos, exceto os que atuam nas áreas de Segurança Pública e Saúde, deverão trabalhar em casa. Muitas empresas privadas já estão adotando o trabalho remoto como medida protetora no curso da pandemia. Não faria sentido que a administração pública também não o fizesse, tendo em vista que as pessoas com mais de 60 anos são as mais vulneráveis ao novo coronavírus, junto com as que apresentam comorbidades como diabetes, deficiências cardíacas e imunológicas.

Outra medida anunciada pelo governo estadual em boa hora é o fechamento, também a partir de hoje, de museus, bibliotecas, teatros e centros culturais administrados pelo Estado, por até 30 dias. Não houve determinação para que estabelecimentos comerciais privados, como cinemas, teatros e casas de shows, também fechem as portas no período, mas o Palácio dos Bandeirantes fez esta recomendação. Seria bom que a iniciativa privada a acatasse, pois evitar altas concentrações de pessoas em um mesmo ambiente é medida essencial para evitar a disseminação do novo coronavírus.

Por fim, Doria anunciou o fechamento temporário (por 60 dias) dos 153 Centros de Convivência do Idoso em São Paulo, além do monitoramento do fluxo de passageiros nos modais de transporte público no Estado a fim de avaliar se medidas neste setor devem ser adotadas. “Essas são as novas medidas que anuncio, o que não significa que outras decisões não venham a ser tomadas nos próximos dias, de acordo com o acompanhamento do Centro de Contingência do Coronavírus no Estado de São Paulo”, explicou. De fato, pela natureza e gravidade da pandemia, as ações deverão ser tomadas à medida que surjam novos dados.

Atravessar uma pandemia como essa com a menor carga de sacrifício possível não depende exclusivamente das boas ações governamentais. Elas são fundamentais, mas não são a panaceia para todos os males. Um bom quinhão de responsabilidade está nas mãos dos cidadãos. Aos paulistas cabe zelar por sua higiene pessoal, lavando as mãos e usando álcool em gel como recomendado pelas autoridades sanitárias, adotar a chamada etiqueta respiratória e, quando possível, ficar em isolamento social. Pelo volume de pessoas que insistem em levar a vida como se nada estivesse acontecendo, ainda não está clara a seriedade de uma crise que depende primordialmente do esforço individual para a vitória coletiva.