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Desemprego cai, mas ainda é alto no País

Sempre bem-vindo, aumento de ocupações continua, no entanto, muito limitado e sem elevação do rendimento real

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Por Notas&Informações
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Com 13,5 milhões de desocupados, 12,6% da força de trabalho, as condições de emprego no terceiro trimestre foram pouco melhores que no período de abril a junho, quando 14,8 milhões de trabalhadores, 14,2% da população ativa, andavam em busca de uma oportunidade. Mas, embora menos sombrio, o quadro brasileiro, medido pelo IBGE, continuou muito pior que o da maior parte das economias emergentes e desenvolvidas. No trimestre de julho a setembro deste ano a taxa média de desemprego ficou em 7,5% na zona do euro, 5% nas sete maiores economias do mundo e 6% nos 38 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Nesse período, a desocupação foi de 5,1% nos Estados Unidos, 3,5% na Alemanha, 7,9% na França, 4,1% no México, 8,2% no Chile e 3,1% na Holanda, para mencionar só alguns exemplos.

No Brasil, como na maior parte do mundo, o mercado de emprego continua pior do que antes da pandemia, embora tenha sido superado o primeiro grande choque da covid-19. No conjunto da OCDE, os desocupados eram 5,3% dos trabalhadores em fevereiro do ano passado. No Brasil, eram 11,8% no trimestre móvel encerrado naquele mês. Mas a semelhança entre os dois casos é muito limitada.

A situação brasileira era bem pior e assim continua em 2021. Nos dez anos anteriores à crise sanitária o Brasil pouco havia crescido economicamente, correndo atrás de quase todos os emergentes e ficando ainda mais atrasado em relação ao mundo rico. Esse descompasso se agravou nos últimos anos, a partir de 2019, quando o País foi comandado sem projeto, sem visão de futuro e com base em decisões improvisadas. O Orçamento deste ano só começou a valer em abril, o de 2022, ano de eleições, continua indefinido e toda decisão importante é sujeita aos interesses fisiológicos do Centrão.

No trimestre findo em setembro a população desocupada diminuiu de 1,4 milhão de pessoas e a população ocupada aumentou de 3,6 milhões, chegando a 93 milhões de indivíduos, 54,1% do contingente em idade de trabalhar. Os subutilizados – grupo formado pelos desocupados, desalentados e subocupados por insuficiência de horas de trabalho – diminuíram de 32,6 milhões para 30,7 milhões e passaram de 28,5% para 26,5% dos economicamente ativos. Mas a taxa de informalidade subiu de 40% para 40,6% da população ocupada, evidenciando a qualidade precária da maior parte dos postos abertos. Os trabalhadores por conta própria, na maior parte ocupados em atividades informais e sem garantias, aumentaram para 25,5 milhões, com acréscimo de 817 mil pessoas.

A recuperação dos serviços presenciais, possibilitada pela vacinação, contribuiu para o aumento da oferta de vagas no comércio, na hotelaria, nas atividades de reparação e nos cuidados pessoais. Em nenhum grupo de atividades houve crescimento real do rendimento, mas houve reduções em comércio e reparação de veículos, administração pública e serviços domésticos, com maior empobrecimento, portanto. O baixo ritmo de atividade no segundo e no terceiro trimestres é parte importante dessa história.