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Menos nascimentos no Estado

Número de nascidos vivos registrados no Estado de São Paulo vem caindo há anos, o que reflete uma mudança notável no padrão da demografia estatal, que é a queda da taxa de fecundidade total

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Por Notas & Informações
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O número de nascidos vivos registrados no Estado de São Paulo vem caindo há anos. Em 2018, ocorreram 605.630 nascimentos de mães residentes no Estado, quase 166 mil menos do que em 1982, quando se registrou o maior número de nascimentos (771.804), de acordo com a mais recente estatística divulgada pela Fundação Seade na série SP Demográfico. A queda em pouco menos de quatro décadas é de 21,5% e reflete outra mudança notável no padrão da demografia do Estado, que é a queda da taxa de fecundidade total. Esse indicador, que representa o número médio de filhos nascidos vivos por mulher ao final de seu período reprodutivo (de 15 a 49 anos), passou de 2,08 filhos por mulher em 2000 para 1,70 no ano passado.

São mudanças com efeitos diretos no crescimento e na estrutura etária da população que vive no Estado de São Paulo. A essa mudança no perfil de nascimentos e fecundidade junta-se outra, igualmente de grande impacto sobre a estrutura etária – com as consequências sociais, econômicas e fiscais provocadas por essa transformação –, que é o aumento contínuo da esperança de vida ao nascer. Em estudo anterior, a Fundação Seade estimou em 76,4 anos, para 2018, a esperança de vida ao nascer da população residente no Estado de São Paulo.

As pesquisas da Fundação Seade são baseadas em registros civis de nascimentos e óbitos referentes à população residente no Estado. Elas indicam as novas demandas criadas pela mudança do padrão demográfico e, assim, fornecem elementos importantes para a elaboração e execução de políticas públicas voltadas para diferentes áreas, como saúde, previdência, educação, habitação, transporte, emprego, entre outras.

A idade média da mãe e do pai foi de 28,6 e 31,7 anos em 2018, respectivamente. No caso das mães, a média do ano passado é 2,9 anos maior do que a observada em 1998. As mães têm menos filhos do que tinham no passado e são, em média, mais velhas.

As estatísticas da Seade mostram também uma tendência do fluxo migratório no Estado. Dos nascidos vivos em São Paulo no ano passado, 76,5% das mães eram paulistas, 22,2% eram nascidas em outros Estados e 1,3% em outros países. Das mães não paulistas, as baianas são maioria (26,2%), seguidas pelas mineiras (13,6%) e pernambucanas (11,6%). Em proporções menores vêm as mães naturais do Paraná (7,6%), Alagoas (6,9%) e Ceará (6,6%).

Das estrangeiras, no total de aproximadamente 7.600 mães, a maioria nasceu na Bolívia (2.950), seguindo-se as vindas do Haiti (930) e da China (600). Quanto às regiões de moradia, a maioria das bolivianas reside na Grande São Paulo. Na capital, elas se concentram em bairros centrais ou das zonas leste e norte, como Bom Retiro, Brás, Belém e Vila Maria. As mães chinesas se concentram na Liberdade, República e Sé.

Nos últimos anos, houve mudança quanto aos principais países de origem. Em 2013, as mães haitianas correspondiam a apenas 0,8% das estrangeiras; no ano passado, eram 13,2%. Mudança no quadro político interno, terremoto e novos problemas para a população local estão entre as causas do aumento de mães haitianas no Estado. Problemas internos no país de origem, como a guerra e dificuldades diversas, também explicam o aumento, de 0,4% para 2,9%, da presença de mães sírias em São Paulo.

Quanto à longevidade da população que vive em São Paulo, o aumento desde o início do século foi de 4,8 anos na esperança de vida ao nascer, o que equivale ao crescimento de 3,2 meses por ano. Em relação a 1950, quando São Paulo registrou um progresso econômico exuberante, crescimento rápido da população e notável declínio dos níveis de mortalidade, o aumento foi de 22,2 anos (de 54,2 para 76,4 anos). É auspicioso constatar que, em todo o Brasil, o aumento da expectativa de vida ao nascer nesse período foi ainda mais expressivo, pois passou de 48 para 76,3 anos, com variação, portanto, de 28,3 anos. É sinal de redução das diferenças da qualidade de vida no Estado de São Paulo e no restante do País, que se torna, assim, mais desenvolvido e menos desigual.